sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Beijos no ar



















No silêncio da noite, alta e deserta,
Inebriante, férvido sintoma,
Uma fragrância feminina assoma
E tentadoramente me desperta.

Entrou-me, em ondas, a janela aberta,
Como se se quebrara uma redoma,
Da qual fugira o delirante aroma,
Que o mistério do amor assim me oferta.

De que dama-da-noite ou jasmineiro,
De que magnólia em flor, em fevereiro,
Se exalava esse cálido desejo?

Ela sonhou comigo: esse perfume
Vem da sua saudade, que presume,
Embora em sonho, ter-me dado um beijo!

Martins Fontes

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