
No silêncio da noite, alta e deserta,
Inebriante, férvido sintoma,
Uma fragrância feminina assoma
E tentadoramente me desperta.
Entrou-me, em ondas, a janela aberta,
Como se se quebrara uma redoma,
Da qual fugira o delirante aroma,
Que o mistério do amor assim me oferta.
De que dama-da-noite ou jasmineiro,
De que magnólia em flor, em fevereiro,
Se exalava esse cálido desejo?
Ela sonhou comigo: esse perfume
Vem da sua saudade, que presume,
Embora em sonho, ter-me dado um beijo!
Martins Fontes
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