sábado, 10 de janeiro de 2009

A uma cerejeira em flor






























Acordar, ser na manhã de abril

a brancura desta cerejeira;

arder das folhas à raiz

dar versos ou florir desta maneira.

Abrir os braços, acolher nos ramos

o vento, a luz, ou o que quer que seja;

sentir o tempo, fibra a fibra.

a tecer o coração de uma cereja.

 
Eugénio de Andrade, As Mãos e os Frutos, 1948

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