sexta-feira, 8 de maio de 2009

O tempo das cerejas
















Quando cantarmos no tempo das cerejas,
E o feliz rouxinol e o melro brincalhão
Andarem em festa.
As formosas terão tolice na testa
E os namorados sol no coração...
Quando cantarmos no tempo das cerejas,
Assobiará melhor o melro brincalhão

Mas passa depressa, o tempo das cerejas,
Quando os namorados colhem, a sonhar,
Brincos de princesa!
Cerejas de amor de igual beleza,
Caem sobre as folhas, como sangue a pingar.
Mas passa depressa, o tempo das cerejas,
Brincos de coral colhidos a sonhar!

Quando vos chegar o tempo das cerejas,
Se tiverdes medo das dores de amor,
Evitai formosas.
Mas eu que não temo penas dolorosas,
Não hei de perder um só dia de dor...
Quando vos chegar o tempo das cerejas,
Haveis de ter também vossas dores de amor.

Sempre amarei o tempo das cerejas:
Guardo desse tempo no meu coração
Uma ferida aberta.
E mesmo a Fortuna, dada de oferta,
Jamais poderá tirar-me esta aflição...
Sempre amarei o tempo das cerejas
E esta lembrança no meu coração.